é isso....devia ter sido mais idiota e agora sinto-me ridícula por isso. Temos tanta pressa em ser adulto que quando cá chegamos, cheios de rugas e dores nas costas e dedos amarelos dos cigarros e contas por pagar e demasiadas responsabilidades, é que percebemos que desperdiçamos a hipótese de fazermos todo o tipo de disparates quando a vida nos estava a dar essa oportunidade. E agora será tarde demais? eu sou esperta , mas ainda continuo tão ingénua que até irrita e continuo sem perceber porque continuamos a não aprender com os erros do passado. Quero ser idiota, quero fazer caretas e perder-me, quero saber rir da desgraça e não levar tantas coisas a peito, quero saber mais mas sem ter que perceber a razão de tudo. Neste exacto momento vejo a vida tão gigante e linda que até dói e não faço ideia de onde vem este aperto no peito, mas mistura-se com demasiadas sensações, demasiado difíceis de descrever e partilhar...A vida. Ela tira mas dá, é isso que ouvimos desde cedo, e tantas vezes que acreditamos ser verdade. o Tempo. Já é tarde demais? Quero ser idiota mas ser levada a sério. Nada disto poderá estar a fazer sentido, eu sei, mas quantas mais respostas tenho mais dúvidas me assombram e em vez de alcançar a plenitude, continuo sem uma consciência limpa e indestrutível sobre a existência. a única coisa que sei é que todos temos um espírito, sujeito a uma série de aprendizagens geométricas e milimétricas, numa matemática passível de caber em derivadas. temos que passar por divisões, subtracções, multiplicações e somas para encontrar um resultado...Fazer as contas uma a uma, sem pressa ou calculadora, ou preguiça de largá-la a meio na descoberta de uma função. Não devemos agredir ou evitar o sofrimento, devemos
entender para que ele serve. Eu tenho um objectivo, sabes? Uma procura no que diz respeito ao meu espírito-demasiado inquieto e teimosamente indomável. Mas depois esbarro na culpa e sinto-me idiota, mas não como gostaria de ser. Não estou a purgar-me, estou apenas a resolver as equações da existência e em cada função que resolvo deveria sentir-me mais feliz com o resultado dessa derivada, porque de derivada em derivada, chegamos à integral e integral é a parte da vida que atinge a plenitude. Temos pressa em viver e queremos tudo para ontem, mas isso gera ansiedade. A vida é feita de pequenos nadas, de saltar o muro, subir uma árvore, fazer caretas, ver um filme que nos esmaga o coração, dividir um copo com um amigo, fazer um amigo parar de chorar, escrever o que nos dói na alma, partilhar experiências de vida, aprender a fazer pão só para o comermos quentinho, ouvir uma música que só pode ser de inspiração divina, de visitar lugares deslumbrantes, de mergulhar em águas turvas mas agradavelmente quentes, de meter a cabeça fora da janela só para levar com o vento, de fazer disparates, de sentir saudade e ter a certeza que tudo vai passar....Escrevo (te) para não me sentir (tão) só e porque apesar de até nas ciência existir uma incógnita, nada acontece por acaso. E é isso que me deixa mesmo baralhada. Tens resposta(s) ou é tarde demais?
ResponderEliminarNão creias, Lídia que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar
Oferecendo a flor
Que adiámos colher.
Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que hesita.
Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não-vivido deixa.
Não creias na demora em que te medes.
Jamais se detém Kronos cujo passo
Vai sempre mais à frente
Do que o teu próprio passo
Sophia de Mello Breyner Andresen