sexta-feira, 27 de junho de 2014

Preparação para o parto (o segundo)

Sempre acreditei que ter um filho não iria mudar assim tanto a nossa vida, mas enganei-me redondamente e isso levou-ma a uma bela depressão assim que a mais velha nasceu (chorei 15 dias a fio, afastei-me de tudo e todos, perdi-me e ela lá estava calma e serena, um anjo). Estou prestes a ter a segunda e quero tanto acreditar que vai ser diferente , que vou conseguir fazer tudo e com muita mais descontracção, que vou conseguir sair de casa, que vou conseguir andar com ela de sling dum lado para o outro, que não me vou isolar, que não vou chorar, que a Laura vai reagir bem e compreender, que eu não vou estar esgotada e muito menos deprimida (hormonas por favor, ajudem lá). Mas temo que de novo nada seja como o desejado. Já pensava isso e ontem quando fui fazer o CTG na MAC a enfermeira comentava que tinha dois filhos, com diferença de 4 anos e que no segundo chorou igualmente e que se foi igualmente abaixo, precisamente porque pensava que iria ser mais fácil e que iria conseguir fazer tudo. Não conseguia nem dar de mamar ao bebé como deve de ser, nem dar atenção ao mais velho como ele merecia. Por isso pergunto, como se consegue? Sem ter que adiar a nossa vida, os nossos sonhos, as nossas vontades por tempo indeterminado, mas sobretudo sem abdicarmos de nós, enquanto mulheres, mães, namoradas, amigas....tem que haver algum mecanismo, uma fórmula que tem que deixar de ser secreta,  que proteja a mãe e mulher, e também o pai e homem ,e também as filhas, crianças,  neste momento tão sensível , que deveria ser tão mais intensamente bonito que doloroso. Preciso de todas as dicas e truques, sendo que não sei se passa por organizar demasiado o quotidiano, ou se é preferível não programar demasiado. Ai que confusão....torna-se tudo bem mais sensível, quando eu própria me sinto cada vez mais ansiosa por deixar de ter a minha rica filha única (que só de o escrever me trás lágrimas aos olhos) a preencher e de que maneira, a minha vida, em exclusivo. Bem sei que tenho que ser forte e não deixar transparecer a minha própria fragilidade, mas é demasiado difícil quando tenho o coração nas mãos. Coração esse que está a crescer dentro de mim e que já amo desde o primeiro instante e que estamos prestes a conhecer. Mas só depois de me responderem, tá?

11 comentários:

  1. Rodeia-te de quem te vai poder ajudar.
    Lembro-me que quando tive o meu segundo filho, gostava que viessem e levassem a minha filha mais velha ao parque, gostava de sentir que alguém se estava a ocupar dela, enquanto eu não podia. Lembro-me também de ter adorado ter os meus pais a viver aqui em casa durante umas semanas, para que eu conseguisse dormir. Ou simplesmente estar sozinha uns minutos. Uma hora, nos dias de grandes luxos.
    Gostava também de ver o meu filho recém nascido ir passear com o pai durante uma hora e me deixasse sozinha (nem que fosse deitada a olhar para o tecto com uma musica baixinha a dizer-me que tudo ir correr bem). Isto agora parece estranho, eu adoro os meus filhos e tudo o que queria na altura era que me levassem para longe de mim, durante uns tempos. Que mãe ingrata pareço... Mas olha, era o que eu queria. De vez em quando.

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    1. Também me apetecia tanto estar sozinha e ir apanhar sol e ir tomar um café e sobretudo não ter que estar presa a um horário , no fundo não ter alguém que só dependesse de mim (pois olha, também era isso que eu queria..ops). Mas agora temo o inverso, o querer estar com as duas, sempre...Mas olha que quero mesmo estar contigo, por isso e digo agora enquanto estou lúcida, tu obriga-me a ir ter contigo ! ;-) ***

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  2. Madalena, o segundo é mesmo bem mais fácil. Mesmo tendo tido muitas dires e chatices a amamentar a Alice (coisa que nao aconteceu com a Inês), nunca me senti ansiosa ou sem ter tempo para tudo. A grande dificuldade, para mim, prendeu-se com a que já cá estava. De repente, não sabia o que fazer com ela. De repente, ela parecia-me grande demais e desajeitada demais e só me apetecia que alguém a levasse ao parque para eu ficar sozinha com a bebé. Chorei muito. Não entendia o que se passava. Mas eu estava a deixar de gostar da minha filha?? Não estava, percebo agora. Só não eatava preparada para conseguir lidar com as emoções todas de me apaixonar arrebatadamente pela mais nova sem perder o vínculo com a mais velha. Foi duro. Demorámos algum tempo a reencontrarmo-nos. Mas acho que estamos no bom caminho.

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    1. O irónico é que, durante a gravidez, como estava ocupada com a outra, nunca senti grande ligação com a bebé e quando ela nasceu também não foi aquela paixão imediata... Mas depois, oh depois... E acho que foi isso que me apanhou desprevenida. Tambem por ser a segunda e por ter aprendido a lidar melhor com a ansiedade e as hormonas, desta vez desfrutei muito mais da recem-nascida e acho que foi toda essa conjunctura que me fazia parecer que ja so tinha espaço no meu coração para uma. Precisamos de tempo para nos ajustarmos à nova realidade. Mas quando oiço e leio os relatos de outras mães, sinto-me como uma espécie de ave rara e não é, por isso, coisa que eu ande para aí a gritar aos 4 ventos... Mas como gosto muito de ti, acho que deves estar preparada para o impensável. As hormonas são mesmo tramadas!)
      Beijinho

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  3. (Nao queria mesmo contribuir para a tua ansiedade, mas acho que já vim tarde...)

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    1. Já te tinha lido e percebido que a parte da partilha do amor não tinha sido uma coisa fácil ....Amo tão demasiado a minha mais velha, que julgava que iria ser a única e na qual tinha depositado todo o meu futuro e Amor, que quando olho para ela agora só me apetece parar o tempo e abraçá-la indefenitivamente...logo ela, que também é uma esperta do caraças e anda nos últimos tempo a abraçar-me como nunca e a dizer que me adora ... Espero não a defraudar e sobretudo não me abandonar, como fiz desde que ela nasceu até quase há um ano atrás. Queria não ter tantas expectativas , sabes ? mas espero ter o discernimento e a coragem de conseguir lidar com as hormonas e pedir ajuda assim que tiver que ser. Depois tudo passa e elas crescem num instante não é ? Vou tentar não relativizar tudo e sobretudo descontrair. E por falar nisso aquele teu último maldito post não me sai da cabeça....ah maldita ! (:P). beijos, muitos

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    2. Qual? Não me digas que ainda te vais pôr a fazer vestidos?? eheheh
      Uma dica: desde o início, faz por passar tempo com a Laura, só tu e ela. O pai, a avó, quem quer que seja que fique uma horinha com a Júlia e vai tu fazer qq coisa com a Laura. Primeiro: para ela perceber que ninguém lhe roubou o lugar e sentir que te tem à mesma só para ela, mesmo que te tenha de dividir a maior parte do tempo. Segundo: para tu perceberes também como é bom estar só com ela. Eu só comecei a fazer isso com a Inês três meses depois de a Alice nascer, íamos as duas para a piscina e era tão bom, uma cena tão nossa, que quando não dava para ir (como quando um miúdo fez cocó na piscina) eu ficava com um mau humor tremendo! Mas vais ver que tudo vai correr bem. É tudo uma questão de gestão de expectativas! ;)

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    3. "para tu perceberes também como é bom estar só com ela" ... ahahah, até parece que não sabes já. Queria dizer algo do género: para tu perceberes também como CONTINUA A SER bom estar só com ela :)

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    4. Sim esse mesmo...com esse sim, fiquei cheia de ansiedade :P tanta que até tenho aqui um post pra te dedicar ehehhehe (apesar de ter vontade tenho que abrandar que ontem já começaram as contracções e queria mesmo esperar mais uma ou duas semanas idealmente....Quanto ás tuas indicações parecem-me perfeitas e sempre foi o que imaginei que fizesse sentido e a ideia da piscina parece-me brilhante ! beijos e muito obrigada ***mesmo

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  4. Madalena, não sei e consigo ajudar-te, mas posso falar-te da minha experiência enquanto mãe de dois filhos (e prestes a receber o terceiro!).
    Depois do nascimento da Madalena fiz uma depressão, que só foi realmente detectada ao fim de 7 ou 8 meses. Não me fechei em casa a chorar, mas fechei-me em mim própria cheia de medos e de ansiedades, o que foi bastante pior. Mas depois tudo passou e passados dois anos e meio chegou o Vicente! Quando ele nasceu senti-me mais confiante e tudo correu melhor. É claro que nem sempre foi fácil gerir a atenção para os dois, e a Madalena ainda precisava muito da mãe, mas foi possível. Aproveitava ao máximo todos os momentos que podíamos viver só as duas.
    Não te posso dizer que a nova experiência que te (nos) espera será simples e que tudo correrá bem, mas conseguirás amar as tuas duas filhas, de certeza! Somos mães... E ser mãe é mesmo lidar com estas ansiedades e com muitos medos. Mas temos capacidade para superar tudo isso...
    Desejo-te tudo de bom! Um beijinho muito grande.

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  5. O segundo filho é uma estafa mas tudo se consegue com organização. Deixei tudo o que podia programado. Comida para a mais velha e para nós congelada para o primeiro mês. Compras também. Pedi mais ajuda aos próximos e preocupei-me menos. Os meus fazem diferença de 2 anos por isso tinha 2 bebés à minha espera. Durante os 3 primeiros meses, todos os dias reservei 1 hora para estar com a mais velha sózinha. Deixava o bebé com a minha mãe.
    O que não pude organizar tentei suavizar, não entrar em ansiedade.
    O grande problema é não poder dormir quando bebé dorme pois a mais velha já tem horário de gente crescida. Passei a deitar-me mais cedo e a deixar as rotinas da noite para o marido.
    Se te começares a sentir triste pede logo ajuda...
    Uma hora pequenina!
    ***

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