sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Um segundo

Acontece-me de quando em vez, ficar especada e embevecida a olhar por instantes infinitos para a minha filha e perguntar-me: como é possível ? É mesmo toda minha, só minha? é que é tão perfeita, tão linda, tão inspiradora, tão pai, tão mãe e tão única...Derreto-me com cada detalhe seu, o cabelo encaracolado, as expressões faciais do maroto ao doce, a sua voz e as gargalhadas estridentes, a pele e o toque mesmo que seja toca e foge, os seus jeitos e trejeitos , o seu cheiro, as suas mãos que ainda cabem nas minhas, o buraquinho que tem na orelha que nasceu com ela, as conversas que tem e as histórias que inventa. Amo-a acima de tudo e todos e é isso que temo ter que dividir quando penso em ter um segundo filho, é uma tolice, eu sei. Desde sempre os casais têm muito mais que um só filho e amam certamente a todos de forma diferente mas incondicionalmente. Mas ela é tão única e ainda tem tanto para me mostrar e ensinar, que não quero perder nem um bocadinho. A verdade é que também tenho algumas saudades de quando ela era tão pequenina e tão ligada incondicionalmente e fisicamente a mim- ser mãe pela primeira vez consegue ser bastante frustrante e ligeiramente ingrato. Consigo-o ver agora,  pois olhando para trás percebo que o tempo passou demasiado rápido, cheio de dúvidas e preocupações que se calhar tinham pouca importância e que condicionaram sem duvida a minha relação com o resto do mundo (que na fase inicial parece inexistente e tão distante) e consequentemente a minha relação com ela, a minha bebé, que já é uma menina. A sério , gostava tanto que o tempo voltasse para trás, que eu não tivesse tido tanta pressa para que esta ou aquela fase passassem a outra, que eu tivesse gozado de modo mais tranquilo o começo da maternidade, que eu não me tivesse perdido entretanto. Não queria ter outro filho, preferia antes voltar a ter a minha. Como não é possível, claro que gostaria de ter outro filho, por estes e muitos outros motivos, mas as dúvidas são tantas e as respostas tão pouco claras que tenho medo e pior, já quase não tenho idade (sim porque a idade é importante digam o que disserem. Primeiro ela foi um bebé tão, mas tão bonzinho que acho nunca teria a mesma sorte com um segundo. Depois há toda a situação económica e social actual e futura que não permite grande margem de manobra para educar e alimentar outra criança . Por outro lado não sei se tenho forças para voltar a passar por tudo de novo, mesmo que desta vez seja mais fácil. Depois, queria tanto reviver uma gravidez e um parto, sobretudo que o pai pudesse desta vez estar a meu lado a dar-me a mão, a consolar-me e a chorar de alegria comigo. Por outro lado a autonomia em voltar a ser gente, a pessoa com algum tipo de vida social, que só agora reconquistei, não me apetece voltar a perder. Depois as tristezas e alegrias seriam sempre a dobrar e isso tanto tem de mau como de bom. Por outro lado ela , sobretudo com a personalidade vincada que tem, precisava mesmo de ter companhia à altura e não um pai macaco e uma mãe palhaça e não é só para se entreter agora é sobretudo para o futuro, para partilhar uma vida até ao fim, sempre acompanhada. Depois fica sempre a pergunta, e como seria o outro, rapaz, rapariga, mais parecido com o pai ou com a mãe? Talvez devesse pensar menos, mas não, ter um filho é o maior acto de coragem, responsabilidade ,certeza e Amor. E isso só se percebe depois de ser Mãe.

1 comentário:

  1. ao seres mae pela segunda vez, tens oportunidade de agarrar alguns momentos mais, mais uma vez, com a certeza de que sabes, tao simples como que depois do primeiro dente vem o segundo... vem tudo com mais calma, com mais relatividade... aprendes a coordenar melhor, e sim, perdes algumas exclusividades... perdes alguns momentos de um e de outro... mas ganhas tanto, tanto, tanto e eles ainda mais... porque para mim... TU ES TUDO!!!! E Nao imagino nem quero imaginar a minha vida sem TI!!! ;) MANA

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