quarta-feira, 12 de junho de 2013

a desordem natural das coisas

Ao jantar
-Mãe, eu não quero crescer nunca...
-Então porquê filha ?
- Não quero morrer...

Eu um dia teria que vir aqui dizê-lo com todas as palavras. Tenho medo. Tenho medo de perder a minha filha. Sei que até agora não disse nenhum disparate mas o que se segue tenho a consciência que pode ser paranormal. Mas na verdade lembro-me de um dia ter lido uma reportagem sobre isto. Pais que perdem  os filhos...Uma história em particular  marcou-me para sempre: um miúdo falava várias vezes da morte, da sua morte e um dia morreu mesmo, ainda criança. Arrepiante e inesquecível. Mais agora, que o oiço da minha, que tem pavor em meter o pé na estrada e nem gosta que alguém o tenha, que fica em pânico assim que sente uma moto a passar, mesmo gostando de se sentar nas motas do pai e da mãe. Não quero pensar muito nisso, mas acontece que me perturba. Não quero acreditar nisso e até me custa verbalizar tudo isto. Como é possível que um ser tão cheio de vida já tenha estes pensamentos. A morte é a única certeza que temos, no entanto é sempre tão doloroso pensar e falar no assunto, ou será que pelo facto de ser pouco falada é que se torna num tema tão difícil. Mas ela ainda é tão nova e eu sou ainda tão medrosa. Resta-me acreditar que pelo simples facto de ter desabafado em voz alta o pesadelo se vá embora e me deixe dormir um sono descansado....

1 comentário:

  1. Os miúdos passam sempre pela fase da morte. A minha foi só aos 7 anos, quando o meu avô morreu. Vivia aterrorizada pelo facto de a morte me poder vir buscar, vivi um ano de terror absoluto e silencioso. Acho que é normal que ela comece a pensar nisso, o teu papel não é esconder-lhe nada, mas prepará-la para a vida e para a aproveitar bem enquanto estamos vivos. Isso sim. E medo que não os consigamos proteger de tudo temos todos. Eu faço cada cenário na minha cabeça... É uma forma de estar sempre alerta, sei lá.

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