domingo, 23 de fevereiro de 2014

Uma história, que também é a minha , dum bebé de seu nome, Paulo

Quando menos esperas,  abre-se uma gaveta do tempo, que te leva a viagem extraordinária com mais de meio século, cheia de registos escritos, desenhados e fotografados, que me comove a cada caderno que se abre, onde me é apresentado desde o seu primeiro instante o meu pai- que no fundo, nunca cheguei a conhecer...O que mais me impressionou foi a quantidade de pormenores que se gravou e guardou, sendo que ele foi o décimo e último filho dos meus avós. O seu livro do bebé para além de ser lindíssimo tem detalhes maravilhosos como, como foi o seu primeiro passeio, quando sorriu pela primeira vez, até tem um recorte dum jornal da época a noticiar o seu baptizado...


 Os primeiros desenhos são absolutamente deliciosos e até os passes do comboio, do qual ouvi contar muitas histórias, estão impecáveis. Depois são os cadernos da escola, com toda a informação comportamental, social e moral que é exemplar na pré-primaria, mas que começa a tornar-se uma problema na primária sendo que o menino não se aplicava e era distraído, apesar de falar bem o francês .


Mesmo que ainda fique demasiado ainda por saber, estes pedaços de memória que não passam de papéis, confortam-me  e consolam-me o vazio duma maneira que poucos compreenderão. A versão original da história está aqui, sem as palavras e sobretudo os sentimentos à mistura e por isso é nelas que quero confiar. O que já lá vai. lá vai e o que aconteceu na realidade já não me interessa para nada. As próximas fotografias são por isso mesmo importantes, porque afinal eu nasci fruto do Amor que houve entre o meu pai e a minha mãe. E ainda por cima estão aqui todos...
Depois , com vinte e poucos anos deu-se também o 25 de Abril, que acabou por ser uma revolução nacional e no seio desta família. Pelos vistos o meu pai teve aí o seu papel e isso deixa-me , para além de surpreendida por só o saber passados 40 anos, mas extremamente orgulhosa e de novo comovida.
Eu também nasci neste ano e infelizmente não tenho memórias desses tempos, daqueles em que todos fomos felizes. O fim desta história não é feliz e aconteceu demasiado cedo,mas isso agora não interessa para nada, quando se desenterrou e descobriu este pequeno tesouro. 

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