segunda-feira, 23 de junho de 2014

Da velhice, doença, solidão e da minha vizinha de cima...

Um quadro delicado. O que fazer quando a velhice, a doença e a solidão andam de mãos ? Quando se decide que o melhor é fazer tudo aquilo que sempre pensámos não iria ser preciso e que teremos mesmo que pedir ajuda?
Aprendi muito com a velhice dos meus avós. Aquela que não aconteceu e aquela que acompanhei até ao último dia da sua vida. Percebi que tudo aquilo que esperamos que aconteça nem sempre é possível e que é preciso erguer a cabeça, deixar o orgulho de lado, os medos, arregaçar as mangas e ajudar a que esses momentos que podem ser tão desagradáveis e até de vergonha sejam o mais dignos e cheios de amor possível. Hoje à noite acordámos com um pesadelo da miúda, mas entretanto houve outro barulho que nos começou a preocupar. Eram pingos num dos cantos do nosso quarto (o meu da costura) e não chovia assim tanto. Só poderia ser mais um descuido da velhota que mora , sozinha, mesmo em cima de nós...Já não é a primeira escorre água pelas nossas paredes e temo que não seja a última, se ninguém fizer aquilo que terá que ser feito, antes que um acidente bem mais grave ocorra. Também é por nós, afinal um recém nascido irá pernoitar ao nosso lado, mesmo por debaixo da cozinha e da casa-de-banho da senhora ,que mal se consegue mexer, que toma milhares de comprimidos, que não tem cuidados de higiene, que é esquecida e que ouve demasiado mal (já nós ouvimos a sua rádio alto e em bom som), mas é sobretudo por ela, que merece viver com dignidade e condições e sobretudo alguma companhia e Amor. Custa-me ser testemunha desta situação e mais me custa ouvir os disparates que tenho que ouvir por parte da nossa senhoria , quando lhe temos que reportar o sucedido. Mas mesmo que o nosso bem-estar dependa dela, não nos cabe a nós decidir este futuro. Mas magoa, a sério que sim...

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