sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Crescer, faz doer- mas não precisa de ser assim tanto !

Pela primeira vez assustei-me e a sério, com o futuro da minha filha. Sim eu sei que é cedo (ou não) mas o que eu quero é ser informada e não seguir a manada, porque infelizmente as coisas já não são o que eram e isto sim não é saudosismo é uma certeza. Estou a falar da escola. da educação. do ensino primário. das fragilidades do sistema. mas também das inevitabilidades dos tempos que correm e do que para aí vem. No meu tempo éramos menos e havia mais. Mais tempo, mais disponibilidade, mais espaço, mais atenção, menos alunos, professores com menos preocupações, menos exposição a objectos passíveis de dispersão, outro tipo de brincadeiras, outro género de violência. Agora é assustador. As notícias que se ouvem, os relatos desesperados doutros pais, a escolha cada vez mais limitada e condicionada a que temos que nos sujeitar, haver menos tempo e dinheiro e em contrapartida cada vez mais aliciamentos , a violência gratuita,  a imposição dum programa igual a todos e a todo o custo,  o conformismo e o medo....o medo de calar as crianças, de dizer-lhes não, de as pôr na ordem, de ofender as crianças que se querem dentro duma redoma inquebrável... Daqui a menos de dois anos não tenho que largar a minha filha na selva, onde ela passará a ter que se sentar todo um dia numa secretária ao lado de mais 26 colegas e será obrigada a aprender ao mesmo ritmo que os outros senão passa a ser uma estranha e se não é posta, vai-se sentir posta de lado. Não a quero largada num recreio , onde mais de 100 crianças nem sempre sabem brincar e que têm que ser travadas senão lutam como animais sob a não-vigilância de apenas 3 funcionárias, porque não há outras alternativas. Não a entregue à desilusão e conformismo de todo um sistema desequilibrado e desigual. Digam-me que não é 8 nem 80, que não existe só um ensino público e um ensino privado, que há mais alternativas pelo meio, onde se respeitem as crianças, o seu crescimento, as suas capacidades e as suas limitações, onde se estimule a criatividade e o respeito pelo espaço de cada um, onde se ensinem que os limites, onde haja espaço e tempo para brincar, onde eles se sintam felizes e seguros e indivíduos . Em casa tentamos fazer o nosso melhor, com todas as nossas forças e convicções. Mas tenho a certeza absoluta que vou ter que limar muitas arestas que virão do exterior. Não tenho intenções algumas em controlar ou condicionar a sua vida, mas tenho todo o direito em querer que seja feliz, responsável, capaz-de lidar com as coisas boas e más da vida...é que vai ter muito tempo para ter que aprender gerir sentimentos, lidar com frustrações, bater com a cabeça na parede, errar, sofrer e fazer sofrer, ter paixões e desilusões, abrandar e saber parar , mudar e recomeçar. Por agora preciso dum lugar onde eu me sinta tranquila e ela se sinta bem. Será que existe uma escola assim? Agora é a altura de saber ou de fazer acontecer....

2 comentários:

  1. Compreendo e partilho as tuas dúvidas e angústias, tenho duas filhas e por vezes também tenho medo do que o futuro nos reserva.
    É ir vivendo um dia de cada vez, estarmos atentos e irmos fazendo os ajustes que achamos importantes... nobody said it was easy ...
    Não sei se conheces este projecto mas é um oásis no meio deste deserto educativo http://www.casaverdesanos.pt/

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    1. conheço pois e sei que há outras coisas a surgir por aqui...e é nisso e por isso que vou lutar ! sem radicalismos, claro ;-) beijos e bom fim de semana

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