Esta fotografia espelha bem o que se passa na minha cabeça. Duas vezes dupla exposição que não foi intencional. Quer dizer eram suposto ser duas fotos duplamente expostas, mas a máquina é que tem sempre razão .... No entanto acaba por ser tirada e revelada no momento certo em que me sinto confusa, ligeiramente perdida, mas também com esperança e cheia de ideias e pensamentos. É, acho que o problema é mesmo esse, não passarem de ideias e pensamentos. Deveríamos falar mais, não guardar para nós as grandes mas sobretudo as pequenas coisas que acabam por nos consumir e transformarem-se naquilo que não são. Confesso que os meus pensamentos me assustam e se me pusesse para aqui a debitar tudo aquilo que me passa pela cabeça, sobretudo nos dias de hoje em que somos julgados por tudo e mais por nada, acho que me internavam ... Mas caramba eu também não posso carregar sozinha e comigo este peso e este fardo de pensamentos e ideias estapafúrdias que afinal todos nós pensamos mas não ousamos dizer. Se eu tentasse explicar que não vale a pena vender-mo-nos por meia dúzia de tostões e que não se começam os trabalhos do princípio para o fim e que os clientes não têm sempre razão e que não nos temos que sujeitar ao poder do dinheiro mas sim ao poder dos nossos valores e ideias, perderia talvez o meu emprego. Se eu dissesse a cada um deles, de cada vez que me desapontam ou ignoram quando sei muito bem que me ouvem, se soubessem o quão alérgica sou ás incongruências, futilidades, amuos, perderia talvez alguns amigos. Se desabafasse que a maternidade me levou toda a minha liberdade, perderia talvez a minha filha. Se relatasse todos os desejos, vontades e sonhos eróticos que tenho com outros, perderia talvez o meu namorado. Se conseguisse explicar o quão a (des)organização das prioridades me afecta, perderia talvez os meus pais. Consola-me saber que apesar de o fazerem crer, não há famílias nem pessoas perfeitas. Eu sei, mas se o dissermos em voz alta, aposto em vez de se tornarem num enorme segredo , num vício, num equivoco e num peso de consciência, passa a ser um alívio perceber que não estamos loucas, sozinhas e perdidas.
quinta-feira, 30 de maio de 2013
As palavras que nunca te direi
Esta fotografia espelha bem o que se passa na minha cabeça. Duas vezes dupla exposição que não foi intencional. Quer dizer eram suposto ser duas fotos duplamente expostas, mas a máquina é que tem sempre razão .... No entanto acaba por ser tirada e revelada no momento certo em que me sinto confusa, ligeiramente perdida, mas também com esperança e cheia de ideias e pensamentos. É, acho que o problema é mesmo esse, não passarem de ideias e pensamentos. Deveríamos falar mais, não guardar para nós as grandes mas sobretudo as pequenas coisas que acabam por nos consumir e transformarem-se naquilo que não são. Confesso que os meus pensamentos me assustam e se me pusesse para aqui a debitar tudo aquilo que me passa pela cabeça, sobretudo nos dias de hoje em que somos julgados por tudo e mais por nada, acho que me internavam ... Mas caramba eu também não posso carregar sozinha e comigo este peso e este fardo de pensamentos e ideias estapafúrdias que afinal todos nós pensamos mas não ousamos dizer. Se eu tentasse explicar que não vale a pena vender-mo-nos por meia dúzia de tostões e que não se começam os trabalhos do princípio para o fim e que os clientes não têm sempre razão e que não nos temos que sujeitar ao poder do dinheiro mas sim ao poder dos nossos valores e ideias, perderia talvez o meu emprego. Se eu dissesse a cada um deles, de cada vez que me desapontam ou ignoram quando sei muito bem que me ouvem, se soubessem o quão alérgica sou ás incongruências, futilidades, amuos, perderia talvez alguns amigos. Se desabafasse que a maternidade me levou toda a minha liberdade, perderia talvez a minha filha. Se relatasse todos os desejos, vontades e sonhos eróticos que tenho com outros, perderia talvez o meu namorado. Se conseguisse explicar o quão a (des)organização das prioridades me afecta, perderia talvez os meus pais. Consola-me saber que apesar de o fazerem crer, não há famílias nem pessoas perfeitas. Eu sei, mas se o dissermos em voz alta, aposto em vez de se tornarem num enorme segredo , num vício, num equivoco e num peso de consciência, passa a ser um alívio perceber que não estamos loucas, sozinhas e perdidas.
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:) fica descansada que não estás nem louca nem sozinha ... acho que há muita gente mesmo a rever-se nas tuas palavras .
ResponderEliminar"Deita cá para fora " faz bem desabafar :)