Sempre que estou de férias coloco-me a mesma questão: seria capaz de largar a agitada vida da metrópole para uma vida mais tranquila no campo à beira mar? Seria capaz de ser feliz durante todo o ano ali? as respostas são muitas e sobretudo trazem ainda mais perguntas com elas. É claro que estar de férias é um parêntesis ao quotidiano e por isso não vimos contrariedades em quase nada o que não é real. Viver no campo é duro e não é para todos. É solitário em todos os sentidos e há quem , como eu , que talvez não esteja preparada para passar 24 horas consigo própria, se é que me faço entender. Há também a questão da educação da miúda, dos serviços mínimos, de haver alguma diversidade cultural, de existir trabalho para mais 1 + 1 arquitectos, de ficarmos longe dos nossos e de não ter o seu precioso apoio. Sempre achei que era uma ideia para a qual não estou preparada e que no fundo sempre culpei ao excesso e á minha cobardia. Afinal vejo famílias felizes a viverem no campo, as que sempre lá nasceram e cresceram e as que para lá se estão a mudar e depois pergunto-me: e porque não? se há quem recomece do zero eu também posso. Afinal o que me prende aqui de tão importante? A segurança já não é, as certezas também não, a educação já não é o que era, os cuidados de saúde muito menos, a proximidade e o fácil acesso a tudo já têm muito que se lhe diga (primeiro porque a internet leva tudo a toda a parte e depois porque os espaços físicos estão a deixar de o ser...) Estou desapontada e sobretudo desiludida, porque acho que esta cidade que tem tudo para ser excepcional está a degradar-se a cada mês que passa e mesmo que haja alguns cheios de boa vontade e maravilhosas ideias para fazer a diferença, na verdade não conseguem ( e se é por causa da burocracia e falta de dinheiro ai como eu vos entendo). Há demasiado stress, sem haver razões para tal. Parece que há muitas coisas para fazer, mas afinal não há assim tantas e sobretudo não são para todos...Depois recordo-me que estive longe de tudo e desta agitação e com muito menos fui muito mais feliz. Pondero e chego realmente à conclusão que me preocupo demasiado com demasiadas coisas e pessoas que não merecem sequer que perca tempo a pensar nelas, consumo-me nas redes sociais e cedo e quebro ás pressões delas, perco-me na procura de encontrar algo que me preencha e encho-me de ideias supérfluas que só me confundem ainda mais, tento encontrar escapes enchendo-me de actividades quando se calhar a felicidade está mesmo na simplicidade e no despojo e no sossego e no silêncio. Já me desisti de planear viagens porque na verdade não tenho dinheiro nenhum, mas não quero desistir da ideia de ter um pedaço de terra, com árvores e relva e água. Mas o custo desta vontade, nesta cidade é proibitivo e fora dela é o que todos têm por muito menos e lá me pergunto eu e novo, e porque não? acho que nunca tinha levado tão a sério este desejo de mudança e de um modo tão radical como o final de estas férias e o choque que foi regressar à realidade. Ideias e empurrões, precisam-se, quem se chega à frente?
Queria comentar porque me senti muito identificada com este post, dizer que não és a única que se sente assim. Ainda não descobri como posso sair daqui porque tenho um emprego e não uma profissão que possa exercer noutro sítio mas vou pesquisando e hei-de ter alguma ideia. Não sei se conheces o projecto Novos Povoadores? Talvez possa ser uma ajuda http://novospovoadores.pt/.
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