quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A minha vida sem mim

Sei que não estou só. Sei que tantas outras mães estão neste momento com o coração mas mãos, a sofrer por antecipação ou a trabalhar completamente contrariadas. Sei que muitas conseguem dar a volta, mas a maior parte de nós, não. Mesmo aquelas que como eu têm a cabeça a mil e têm mil e uma (boas) ideias mas que no fundo dão mais trabalho que o maldito dinheiro. Ou então é só cobardia em largar tudo e viver sem medo. Ou será, sem dinheiro?  Não. Não é justo. Não quero ter que ir trabalhar, para ganhar, para conseguir pagar a alguém, para ficar a tomar conta da minha bebé. Ela precisa de mim, tanto quanto eu preciso dela. Não pode ser só uma questão económica. Todas falamos do mesmo, quase todas sentimos o mesmo, mas muito poucas podem fazer aquilo que uma mãe é suposto fazer. Tomar conta da sua bebé. Quero lá saber dos convívios e brincadeiras e sociabilizações e actividades. Não preciso nada de tempo para mim, para ocupar a cabeça, para produzir, para ter o meu papel na sociedade. Ela é só um bebé. E eu posso só ser a mãe dela enquanto ela o é ? Não tenho pressa nenhuma, porque sim o maior dos clichés é a maior das verdades: o tempo voa. E foge. E eu não tenho pressa nenhuma, a não ser em estar agora com ela. Colo e mimo. Precisa ela e preciso eu. Porque raio há de ir para um lugar que não é o dela, estar sujeita a ritmos e horários que não são os dela e ser apenas mais uma a ser alimentada e cuidada. Tem tempo. Aliás tem toda a vida pela frente para esse aborrecimento que são as condicionantes da vida, mas eu já só tenho metade. E ela é só um bebé com os seus ritmos e já vontades , mas é sobretudo a minha filha, que eu devido ter e que  queria conseguir criar. Pelo menos até ela fazer um ano e aí sim , ir para a escola onde sei vai ser bem amada.  Por agora só(?!) queria ser eu a estar ao lado dela quando for a sua primeira vez a rebolar, a dizer adeus, a bater palminhas, a gatinhar, a querer dar-me a mão, a ouvi-la dizer mamã , a andar nos baloiços, a ouvir as enormes gargalhadas, a ver os seus olhos a brilhar, a vir a mim, a trocar mimos a mimar , a andar, a querer o meu colo. Devia ser um "direito" e não uma angústia, este sufoco que vai ser entregar a minha bebé a outros para tomarem contra dela. Quero ser eu. A sua mãe. Pois. É oficial. Os 40 chegaram e com eles uma bebé linda e maravilhosa e a famosa crise da meia idade. Não é justo. Estou tão estupidamente feliz,  nesta nova maternidade, tanto que senão fossem os ditos 40 era bem capaz de fazer isto para sempre....

(dicas e empurrões aceitam-se. obrigada)

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