quarta-feira, 27 de abril de 2016

terapia #1

Quis o universo que há uma semana atrás,  a Sara escrevesse este Post- que fala numa viagem , em arquitectura, em memórias. Precisamente numa altura em que eu me questiono sobre as viagens, a Arquitectura e as memórias. Nesse dia chorei muito. Chorei porque percebi ( e verbalizei) que não estou mais apaixonada pela Arquitectura, aliás , porque percebi que talvez nunca  tenha sequer estado apaixonada . Sempre o soube, mas é ao ler as palavras dos enamorados e ver as obras dos artistas, que tenho a certeza que devo ter estado no sítio errado à hora errada. Percebi que o curso me deve ter passado ao lado, porque estava mais preocupada em "sobreviver". Chorei, porque me sinto muito menos que os outros e porque não sinto empatia com aquilo que me deveria fazer feliz. E depois chorei porque a descrição dela, ao dito convento, seguida de algumas imagens do mesmo , me fez regressar a um lugar do meu passado, muito antes, que só me trouxe tantas e boas memórias, seguidas de saudades. Afinal existe este lugar em mim e fica na Serra da Estrela e agora quero tanto lá regressar...
 (retirei estas duas imagens da internet, ou seja, não são de minha autoria )
 Curiosamente também é um convento e lembro-me de ter uma forma arquitectónica  igualmente marcante (assim que nos aproximava-mos da vila lá estava a caixa de fósforos , como lhe chamava) . Ao investigar agora mais um pouco percebo que é uma obra recente, os anos 60 do século passado, mas agora quero muito investigar mais um pouco. Também haviam espaços aonde não podíamos ir, o que torna tudo muito mais empolgante e misterioso. Lembro-me das viagens intermináveis para lá chegarmos, num daqueles carros clássicos dos anos 70 dos meus avós, da caixa de fósforos branca, dos cheiros do ciprestes, do silêncio, de estranhar a modernidade da igreja, do claustro também pouco convencional, dum lago com peixes, dos baloiços enferrujados, do tanque lá em baixo, dos passeios pela serra, das refeições nos refeitórios, de ir para a cozinha ajudar e ser recompensada com pratos de batatas fritas, das irmãs simpáticas e das que fugíamos de medo. Chama-se casa rainha do mundo e fica em Gouveia e esta aqui em baixo sou eu, nos ditos baloiços e no meio da serra cheia de memés. E choro agora , mas é de felicidade.


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