sexta-feira, 26 de maio de 2017

a minha vida sem mim

A maior parte das minhas pessoas nem sabe, mas sofro (há demasiado tempo) duma depressão, diagnosticada e a ser tratada, há um ano. É uma irreconhecida doença emocional ( e só isto já poderia explicar tanto) invisível, cujas dores , sem causa conhecida, são muitas vezes insuportáveis e sobretudo muito ingratas. Porque não percebermos donde vêem e porque quando somos confrontados com elas, doem ainda mais. Porque afinal não somos responsáveis por elas e isso torna tudo ainda mais revoltante. Mas a depressão tira nos tudo: A força ,o ânimo, a vontade, os amigos, a auto estima, a esperança e dá-nos em troca tristeza, ansiedade, impotência, inutilidade, culpabilidade, irritabilidade,mais incertezas, inquietação, mais desespero, mais solidão, mais mágoa...e depois bloqueamos , porque tudo parece impossível, incompreensível, indizível. E a dor aumenta. E o buraco é cada vez mais fundo. E sentimo-nos uma merda, pelos erros que vamos cometendo e cuja culpa atribuímos sempre a nós, por não conseguirmos reagir, por não termos força para gritar, porque o mundo  não presta e mais vale conformar-nos , guardar tudo só para nós e já agora desculpar  tudo e todos, . Afinal ninguém quer magoar o próximo, propositadamente. Mas a bala dói à mesma - quer tenha sido acidental ou não... Depois a ansiedade, as perguntas, a vida e o tempo que não páram nem nos dão tréguas. E como estamos cada vez mais desesperados é mais difícil falar sobre aquilo que já não conseguimos perceber. E depois a dimensão dos estragos é tão assoberbada, que mesmo rodeados de quem nos ama, nos destrói. Vamos sobrevivendo ,mas aflitos , em busca de alguma paz e sobretudo amor( próprio) ,ansiando por nos entenderem, quando estamos totalmente perdidos. Vamos aguentando e sendo fortes, por uns e para os outros e continuamos a querer parecer transparentes, quando no fundo ansiamos é que nos vejam e venham resgatar. No fundo aquilo que nos vai mantendo à tona é algo muito ténue e é por isso é que se deve gritar por ajuda. A sério. Sem ajuda, é impossível  saber que é realmente um desequilíbrio químico em nossos cérebros. É como se vos arrancassem as tomadas eléctricas da casa toda, a electricidade ainda chega a casa, mas não há nada onde ligar as lâmpadas . Psicoterapia e Psicanálise e psiquiatria. Esqueçam os vícios que só anestesiam a dor e levem se a sério, confiando. A vossa pressuposição está longe da vossa realidade. Não estou a falar duma tristeza persistente , ou de variações significativas no humor ou do famoso encolher os ombros suspirando: é a vida, temos que ser fortes. Que se lixem os preconceitos e estigmas quando se trata de salvar vidas ( é que a depressão leva tudo e todos atrás)

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