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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Sobre as justas homenagens e a saudade...

Claro que me comovi, porque me lembrei do meu herói... o meu avô. Porque tenho pena , que dele não haja registos de voz. Porque sobre ele , não hajam histórias escritas. Porque o seu legado merecia estar imortalizado em imagens. Porque não houve uma salva suficientemente sonora , que me fizesse estremecer a cada disparo. Porque as honras militares foram uma confusão. Porque nem a bandeira souberam dobrar. Porque não me entregaram as insígnias. Porque ele não está a repousar ao lado da minha avó, onde eu sempre  idealizei imaginei que fosse ficar.  Mas sobretudo porque não viveu um pouco mais,  porque só eu sei a falta que ele e ela me fazem. Dói, isto da saudade . Dói, a perda dos nossos heróis reais.  Já o tinha escrito aqui, mas hoje com a linda homenagem ( a que tinha idealizado para o meu e que foi O fiasco) ao "bochechas" - digo-o com todo o respeito- , ficou a doer um pouco mais...


sexta-feira, 5 de junho de 2015

Crise de meia idade ( não só mas também)

Ora bem, a miúda já dorme a noite inteira e já não mama quase nada, já posso ir arejar ideias, jantar fora, tomar um copo, ir a uma peça, ver um sunset, trocar dos dedos de conversa (sem ser online), abanar a anca, vou ligar a quem?.....ah pois é....


Já passaram 40 anos de mim e ainda não aprendi a relacionar-me com as pessoas. Confesso que é uma angústia cíclica na minha vida, sobretudo porque considero que não sou propriamente um bicho do mato, nem uma pessoa intragável. Sou uma pessoa de emoções fortes sim e também algo exigente e sobretudo atenta o que não considero um defeito, mas que talvez seja um entrave ás vidas agitadas e pessoais de cada um. Há sempre alguém que se dá mais, é um facto, mas quando deixa de haver retorno fico completamente de rastos e a partir daí assumo que a desilusão me bloqueia. Talvez seja só por causa disso que não tenha amigos. O problema vem de trás e primeiro muito por causa da minha incapacidade em lidar comigo e logo, como próximo. Lembro-me de ter bons amigos na primária e de brincar à grande, mas só na escola. Não brincava na rua e tinha apenas uma vizinha, da mesma idade, com quem desarrumava o quarto ( o que nos divertíamos a brincar aos jogos sem fronteiras). Depois fui para um colégio, só de raparigas e aí, na pré-adolescência, toda uma rapariga púdica e cheia de complexos de inferioridade , medos e sentimentos de culpa, se apoderou de mim. Há muitas coisas que não me lembro ( e isso confesso que também mexe comigo), fruto da instabilidade emocional que atravessava com o divórcio e consequências dos meus pais. Entre muitos sentimentos confusos,  acho que foi nessa altura que me apercebi e senti , pela primeira vez, a discriminação social  e isso nesta idade foi lixado e difícil de digerir. Vivia encantada e iludida e sem capacidade de me descobrir e afirmar pelo que era. Preferia as miúdas giras, cheias de pinta, nomes pomposos, que cheiravam bem e vestiam marcas e que viviam em casa grandes com jardim, ás outras. Que tola. No entanto é das outras que tenho saudades, porque me lembro que gostavam mesmo de mim e até viam em mim ( facto que descobri recentemente) aquilo que eu não conseguia ver, a minha luz (própria). A adolescência é mesmo do caraças! Continua a ser casa-escola, sem me relacionar com o resto do mundo. Quando mudei para o liceu, no 9 º ano, as amigas do colégio deixaram de o ser, mas isso não teve qualquer importância para mim naquela altura, pois uma grande bomba iria cair sobre mim, nessa mudança: Os rapazes. Pois... é que até aqui pouco ou nada me relacionara com eles e ter consciência do sexo oposto na adolescência com toda a complexidade que me caracterizada, foi para mim o fim do mundo. Levei todo um tempo para conseguir levantar a cara e trocar dois dedos de conversa sem que "me desfizesse em moléculas". É claro que depois quando o fiz , me apaixonei perdidamente por eles. Também chegou alguma rebeldia, mas tão pouca tão pouca que continua a dar importância a tudo menos aquilo que era importante. Cimentar amizades . Mas como o poderia fazer se nem eu sabia o que queria. Queria ir só ao sabor do momento, mas não sei se foi bem isso que fiz. O que fiz foi perder me de amores pelo meu primeiro e grande amor. E deixei de ter olhos para o resto do mundo. Tal como em todas as restantes relações que procurei e tive. Finalmente na faculdade (quando comecei a ter alguma liberdade) consegui começar a relacionar-me.  a crescer. E sim tive muito boas amigas e amigos, com quem ainda me vou comunicando. Mas....há sempre um mas, aliás muitos, tantos quantos os pontos de interrogação e os vazios que me perseguem à medida que me vou tentando recordar deles. Mas a sensação perdura, não consigo manter uma amizade, mesmo quando me vou entregando com tudo o que tenho, a quem vou gostando e confiando. Pergunto-me se me está a escapar qualquer coisa. Já passou muito tempo desde aí. Relaciona-mo-nos com quem está próximo de nós e do que fazemos, ou porque são os amigos dos nossos amigos. Vamos nos acostumando, aproximando, afastando, desiludindo, encantando, perdendo , ganhando e encontrando. Eu acabei por me encontrar há pouco mais de 10 anos, quando conheci a minha melhor metade, mas continuo a mesma miúda, tantas vezes frágil e insegura quanto explosiva e audaz, talvez a continuar a entregar-me desproporcionalmente , quando devia era deixar de criar expectativas. Ou só a concentrar-me e deixar-me de merdas com as que afinal até já tenho. A desculpa agora não pode ser que sou mãe, era só o que mais faltava. A minha vida apesar de longa ainda só vai a meio, por isso quero tudo aquilo a que tenho direito. Isto tudo seria bem mais fácil se estivéssemos todos no mesmo comprimento de onda, mas por outro nada não teria graça nenhuma. Um dia, tudo isto fará algum sentido. Hoje , sinto-me apenas só e sem companhia- para além da família, ok?

sexta-feira, 30 de maio de 2014

E lá se foi a Fractura Exposta.....

Há algum tempo atrás uma blogger, fez-me as seguintes perguntas, que até hoje ainda não tinham visto a luz do dia. Mas agora, que a Fra-ctu-ra de foi, faz todo o sentido explicar e por isso publico aqui as perguntas e as respostas. Noutro dia explico porque "Eu não sou os outros " ;-)


1.       Porquê o nome "fractura exposta" e como é que surgiu?
….Ainda há pouco tempo desabafei sobre o título do blogue que hoje pode parecer, ou não, desajustado e desapropriado para o conteúdo temporal ( Se é que algum dia foi apropriado)  do mesmo. Tive um blogue anterior a este, muito mais pessoal e que funcionava mesmo como um diário que se chamava: ninguém sabe o que sabe, mas que teve que ter, um fim abrupto (outra longa história) quando decidi que estava na altura de recomeçar. Estavam a acontecer demasiadas coisas que precisavam de ser organizadas e catalogadas e por outro lado coincidiu com uma altura em que voltei a sentir a necessidade, não de falar (que já não me chegava), mas de gritar em alto e bom som, sem filtros e sobretudo sem fazer grandes actos de contrição. No fundo é como mostrar as minhas feridas assim que são abertas. Tal como eu, este não é um blogue certo e é capaz de ser um quase perfeito espelho de mim pois revela tudo, absolutamente tudo o que eu sou enquanto mulher, mãe, amiga, criadora, filha e sobretudo pessoa cheia de desejos, vontades, frustrações, conquistas, sonhos, ansiedades, perguntas, convicções, paixões, amores e fracturas que agora exponho. O único fio condutor é transparente e representa aquilo pelo qual estou a passar no momento. Já pensei que quem por aqui passa deve estar à espera doutro tipo de coisas e se calhar deveria mesmo dividi-lo em dois, mas esta bipolaridade (aliás multi-polaridade) é precisamente quem eu sou. Nunca poderia ser só uma coisa essa é que é essa…

2.  De tudo o que partilhas no blog qual é o teu tema/post favorito?
Todos os post são relevantes pois são peças de mim e não consigo dar uma resposta clara pois depende mesmo do momento o qual estou a viver. A minha estrutura é o meu estado de espírito e tanto posso estar numa fase de dar conselhos como noutra de precisar de ouvir, de mostrar o que admiro como o de partilhar  coisas feitas por mim, de falar como mãe ou de revelar os meus desejos enquanto mulher, de organizar ideias e deixar escrito o que quero e tenho que fazer antes de morrer.

3.    O que é que diferencia no meio da multidão?
Absolutamente nada a não ser o facto de eu própria ser uma única, mas que talvez pouco me diferencie de qualquer outra pessoa . Genericamente  falando acho que todos procuramos o mesmo e acabamos por nos encontrar um bocadinho em toda a parte . Afinal somos um pouco um espelho uns dos outros .. .

4.      Quais as plataformas web onde divulgas o teu blog?
Partilho os posts no meu facebook e nada mais….as pessoas encontram-me porque vou deixando os meus comentários por aqui e por ali e tenho picos quando menciono bloggers e projectos que admiro. De resto bem gostava de saber quem me lê e como ali foi parar....

5.      Lês outros blogs? Enumera três que te sejam indispensáveis.
Já li mais, já vi menos. Muitos dos que seguia religiosamente terminaram, tendo-me deixado a melhor  das marcas: amigos .  A maior parte deles são vistos e conhecidos por toda a gente e há os outros, os do grupo de amigos. Sigo o primeiro instinto  entre dezenas deles, que a dada altura são mais ou menos indispensáveis. Mas prefiro aqueles que falam de emoções e me surpreendem com banalidades e que sobretudo sejam genuínos. Estes enchem-me as medidas, aliás até transbordam ;-)
Enquanto admiradora: http://xuxudidi.wordpress.com/


6.      Completa as frases:
a)      Quando era pequena queria ser... Astronauta
b)      Todos os dias ...Aprendo coisas novas
c)      Sorrio sempre que ...olho e penso na minha filha 
d)      Não vivo sem...sonhar

7.      Onde é que te vês daqui a cinco anos? 
Num lugar que me faça ainda mais feliz  !

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Das diferenças

Os gostos não se discutem, mas eu cá não gosto de quando toda a gente gosta do mesmo. Sou totalmente adversa das modas, dos estereótipos, dos grupos e sobretudo das coisas formatadas e das pessoas que só querem ser iguais a tantas outras. Sou adepta das diferenças, mesmo que eu própria não seja propriamente muito "alternativa", mas  antes absolutamente comum.Também não acho que seja preciso ser-se totalmente freak ou outcast, para se ser alguém cheio de personalidade. Isto tudo para vos falar do Carnaval e da máscara que a minha filha de 4 anos quer para este ano...Se até agora eu tinha orgulho nas suas escolhas, que no fundo eram afinal e tão somente ingénuas e estritamente irracionais, e que me enchiam de orgulho por não ser apenas mais uma igual a todas as outras, este ano parece que será inevitável que ela não queira ser uma princesa ou uma bailarina ou qualquer coisa cor-de-rosa com brilhantes e diamantes (como ela lhe chama)...Com dois anos disse repetidamente pastilha elástica e nós lá a transformamos numa maravilhosa super-pastilha gorila e com três quis ser a rainha má da branca de neve. Agora quando lhe digo que princesa é foleiro e é aquilo que todas as meninas vão acabar por se mascarar ela responde-me ofendida: mas é aquilo que eu gosto e que quero ser ! ..agora o dilema: mostro-lhe toda uma panóplia de máscaras diferentes e originais que tanto eu como o pai estamos dispostos a criar e fazer para ela (ontem mostrei-lhe por exemplo a Frida ao que ela me disse: ó mãe mas eu não quero bigodes e que os outros pensem que eu estou mascarada de homem), ou pura e simplesmente deixo que ela siga o seu ?instinto? , mesmo que seja ser igual a todas as outras....Caramba, não tinha a noção que tudo se começava a formar tão cedo, como as ideias e os complexos e os gostos e os grupos (que é algo absolutamente assustador). Sei no fundo que não devo obriga-la a nada, mas isto só serve para me alertar que tenho que estar ainda mais atenta ao que ela vê, ouve , não deve ver e não deve ouvir e sobretudo mostrar-lhe diversidade, para que ela não seja mais uma, mas alguém com ideias e vontades próprias. Não estou a exigir muito, pois não?

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O que fica do que passa

Lamento não lamentar a morte de alguém que não me diz nada e que nada significa para mim. Era excepcional no que melhor sabia fazer, mas isso é tão somente aquilo que todos , mais ou menos geniais, tentamos fazer e ser.  Lamento não me comover, apesar de me sentir magoada. É inevitável , nestas alturas, não me recordar do homem que meu avô foi e o que fez por este país e lamento que, quando faleceu, as honras militares tenham sido uma tristeza e uma vergonha. Um simples, mas demasiado simbólico momento, como o pegar na bandeira, dobrá-la e entregá-la aos familiares foi uma confusão demasiado mal preparada para a solenidade da ocasião. Lamento a falta de cuidados, a desorganização ,a inexperiência daqueles que supostamente são treinados para (também) estas ocasiões. Seriam só alguns minutos, que deveriam ter representado com honra e dignidade tudo aquilo que ele dedicou à sua vida, família e pátria. O meu avô sim, foi um herói e mesmo que isso não signifique nada para ninguém, significa tudo para mim.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

muitas emoções numa só frase

Não é que não tenha nada para dizer (é precisamente o contrário) é que tenho tanto, mas tanto para contar, que nem sei por onde começar...

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Born to create Drama meets the exorcist




Eu costumava rir-me imenso deste filme e achar imensa piada à marota da miúda, mas porque sempre pensei que pertencesse ao campo da ficção. Até ontem. Quando a minha filha de 4 anos me fez uma birra (se é que se pode assim designar) histórica , tendo-me deixado praticamente de rastos. emocionais. E começa sempre tudo por um pequeno nada. uma contrariedade. que se transforma rapidamente num espernear de pernas, em choro soluçado, em gritos de terror- pouco falta para revirar a cabeça e os olhos. E é no momento em que tentamos não dar importância ,metendo-a não no lugar em que ela queria estar, que há um crescendo de raiva enorme e que se começam a ouvir móveis a tombar, portas a bater. Medo, por mais que ache que ela tem que ficar a pensar um bocado naquilo que está a fazer , que o faça em segurança. Agora grita pelo pai, que lhe diz o mesmo que a mãe e que a deixa ainda mais enfurecida. não há abraços de consolo e tentativa de acalmar que nos valham. grita que a estamos a esmagar (a esmagar diz ela, mas donde é que lhe vêem estes pensamentos). Nesta altura já não nos ouve, já não percebe o que se está a passar, já nem sabe o que quer e nós os dois já somos os seus piores amigos . Grita pela tia e diz que quer ir para casa dela- ainda se dirige ao telefone (só me faltava ela saber digitar os números! ). cospe para o chão , atira mais umas cadeiras para o chão e recusa-se a limpar e arrumar as suas asneiras. pensamos, não. ela não pode fazer o que quer ! tem que limpar e arrumar agora. Diz aquilo que jamais pensaria ouvir, dela, duma criança de 4 anos, a chorar desalmadamente no chão abraçada aos joelhos e com os olhos vermelhos: vocês querem-me matar (morri por dentro) Comigo não medes forças e por mais que me magoes e que me doa tudo o que estás a fazer e a fizer eu vou ser forte. E tomei-a nos meus braços, abraçando-a contra mim. pronto já passou. mas...ainda tentava ela. Pronto já passou. A respiração finalmente acalmava e cedeu abraçando-me com força repetindo vezes sem conta: mãe és linda, mãe és linda...Enquanto os ritmos cardíacos serenavam expliquei-lhe tudo. Que não há necessidade de fazer nada daquilo. que nem sempre se tem aquilo que se quer quando se quer. que lá em casa quem manda somos nós (eu e o pai). que se ela fica triste porque nós não lhe damos logo o que ela pede então nós também ficamos quando a chamamos e ela não vem. que há palavras que não se dizem. que nós somos as pessoas de todo o mundo que mais gostamos dela. que ela não tem o direito de se queixar quando nós lhe proporcionamos a vida que ela tem. que é na cama e no quarto que se descansa e não na sala. que os seus actos têm consequências. que as coisas não são como ela quer e que há tempo para tudo, brincar, comer, ler livros, sair, estar com os amigos, ver televisão, tomar banho. que acima de tudo, nós não nos gostamos de zangar nem ralhar e muito menos gritar com ela. Não sei se ela ouviu com toda a atenção e se sobretudo percebeu aquilo que se tinha passado e as consequências que todo aquele drama teriam que ter. Não sei se as coisas que diz são conscientes e quero mesmo acreditar que ela não tem este tipo de pensamentos para connosco. Queria saber ensina-la  ( sobretudo aprender) a controlar-se, a lidar com a frustração, a gerir a emoção de modo a que as coisas não descambem à mínima contrariedade. Tenho a certeza que agora é a hora de agir, não quero uma adolescente revoltada, revirada e malcriada, que me foge de casa se lhe digo que não. Não tem que haver esta resistência, mas nós temos que nos preparar e ter forças para resistir aos combates ferozes desta pequena teimosa e obstinada criatura que tenta medir força connosco. Vai ser um longo caminho, pois apesar de parecer que ela já sabe tudo , mas sabe ela que o pior ainda está para vir. Na teoria há explicações para quase tudo, mas também se sabe que as variáveis são infinitas e  na pratica poucos são os que têm a fórmula exacta para salvar o momento. Esperamos estar a fazer o melhor, apesar de dar por mim pensar que só posso estar a fazer alguma coisa mal, pelo sim pelo não acho que podemos pedir ajuda. Falar ajuda e partilhar ainda mais e hoje já não me sinto tão sozinha e perdida. Obrigada.


 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Carta do Dia: Cavaleiro de Espadas, que significa Guerreiro, Cuidado. *

Quis que na quinta-feira passada ficasse de manhã em casa a fazer algum tempo para um consulta no centro de saúde. Aproveitei para fazer arrumações e deixei a televisão ligada. Quando dou dor mim estava a ouvir uma taróloga a "ajudar" os dilemas de quem lhe ligava. Uma rapariga ficou a saber que não, não pode ter filhos e outra ficou a saber que sim que aos final de quase 10 anos a atentar vai passar na carta de condução. No entanto também fixei algo que ela disse: somos nós que criamos os nossos problemas com pensamentos negativos e até indicou que a solução passava por escrevê-la num caderninho e repetir por dia cerca de 100 vezes em voz alta o que queríamos mudar. Seria assim tão chato, mas tão fácil? entretanto lá fui à consulta e percebi que me tinha enganado no dia. Mas como nada acontece por acaso e eu por acaso até tinha ficado a pensar no que a senhora tinha dito achei que dali só viria coisa boa. De facto à tarde ligaram-me do hospital a agendar , assim de repente, para hoje de manhã uma pequena cirurgia que aguardava há cerca de 3 meses. Assustada perguntei se haveria algum procedimento a tomar mas logo me tranquilizaram a dizer que não que entrava e sairia pelo próprio pé. Boa ! nada como um susto para de repente me sentir viva e de bem com a vida e mesmo grata por tudo aquilo que vivi e estou a viver. Tudo batia certo a não ser o nervoso miudinho que mal me deixou dormir esta noite. E o carro que ficou sem bateria. E a manhã chuvosa. E o furo no pneu da mota mal tinha saído de casa. E a porta do multibanco que não abria. E os táxis que não passavam. E os nervos a aumentar. E a espera no hospital. Respiro um pouco e aceito tudo, não como sinais premonitórios de algo negativo mas sim como um começo de semana ligeiramente desagradável. Chamaram-me e afinal tenho que me vestir, aliás despir a rigor. Dão-me a bata-verde-de-rabo-ao-léu , os chinelos e a touca. Os piercings ! esqueço-me sempre...preciso de os tirar e não consigo, há um que tem mesmo que ser a alicate. Agora sim, sinto-me absolutamente nua e exposta. Bem , não deverá ser preciso utilizar choques eléctricos diz a enfermeira. Agora sim, não há optimista que resista a estar naquele lugar, daquela maneira e a ouvir aquelas coisas . Mas é quando chega a médica que tudo volta a fazer sentido? Não me podem fazer nada, porque o dito não está suficientemente proeminente e os riscos poderão ser por agora mais elevados. Tenho que aguardar que volte a inchar e a ficar de novo cheia de dores e bloqueada para mo conseguirem retirar, como estava há 3 meses atrás quando fui no limite observada e diagnosticada. Tanto aparato e tanta adrenalina gasta toda e logo numa segunda-feira de manhã para nada? Não só me tenho portado bem, como até aprendi a controlar os pensamentos em cadeia negativos. Afinal se tudo acontece por uma razão e essa razão acontece porque nós pensamos e acreditamos demais, o melhor mesmo é mandar o Karma para o caraças ! Ou foi ele que de novo me mandou a mim? Irra...porque é que as coisas não são só aquilo que são e porque é que acontece sempre tudo em avalanche ? Para memória futura uma imagem, porque contado acho que nem eu acreditava.

* ainda bem que só fui agora, no final do desabafo, por pura graça e curiosidade, consultar a previsão do meu signo para hoje, pela dita senhora.Pelo sim pelo não, vou jogar hoje no euro milhões nos números da sorte que ela me indica.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Dia D

Peço desculpa a todos os meus amigos por não lhes estar a dar a devida atenção neste momento e sobretudo por andar aborrecida, cabisbaixa, triste e  deprimida. Os tempos não estão fáceis para ninguém e percebo que já nos bastam os nossos problemas quanto mais ter que ler, ouvir ou lidar com os dilemas dos outros. Confesso que o que tenho escrito  deve estar a tornar-se chato de ler, eu própria fico deprimida e preocupada com aquilo que ando por aí a pensar e a dizer.  Deduzo também que o vosso silêncio tenha a ver com o facto de se sentirem impotentes perante os meus pedidos de ajuda, sobretudo quando estamos a falar em dinheiro. Mas o que eu gostaria mesmo de ter era só uma palavra, um sinal um gesto que me mostrasse que ainda vale a pena acreditar nas pessoas, sobretudo nas que fazem parte da minha vida, que já me basta ser só um número para todas as outras. Não me devia importar, mas importo. Não devia estar a sentir-me tão só quando ainda nem sequer cheguei à meia idade, mas sinto. Tento abstrair-me, mas é mais forte que eu. Tento pensar que isto é só uma fase menos boa que irá passar, mas na verdade as más notícias não param de chegar. Arregaço as mangas e descubro que posso fazer 5 coisas ao mesmo tempo investindo tudo de mim, mas não passam de boas ideias, ou então não é a altura delas, ou então sou eu que não entendo nada de negócios, ou então não tenho os conhecimentos certos. Costuma-se dizer que  umas coisas atraem as outras, que os maus pensamentos enfraquecem a alma,  se bem que isto do certo e errado, do bom e do  mau deve ser só mais um embuste do catolicismo (mas este tema deixarei para outro dia) ,no entanto acredito que todos somos energia e que eu estou a precisar mesmo é de carregar as pilhas, nem que seja com a ajuda de comprimidos - naturais claro ! prometo tentar não escrever muito mais sobre estes assuntos deprimentes , meter o meu melhor sorriso,  pensar positivo e dar-vos mais atenção (senão puxem-me as orelhas!) - só espero que a chegada da primavera e a mudança de hora ajude ! Afinal tenho o maior tesouro e a melhor coisa que jamais poderia imaginar conseguir fazer, que é a minha filha. É por ti, tudo por ti...



sexta-feira, 15 de março de 2013

Insónias

Hoje mal dormi. Hoje acordei por várias vezes sobressaltada. Hoje acordei triste e sobretudo revoltada. Estou cansada e sobretudo farta das pessoas, nas quais acredito e confio cada vez menos. É impressão minha ou a honestidade é um valor em extinção? Isso e eu que sou boazinha de mais. FARTA ! que me enganem, que passem por cima de mim a todo o custo, que sejam desonestos, aldrabões , mentirosos e estorquidores, que se aproveitem de mim muitas vezes sem terem sequer desculpas, que não cumpram compromissos e contractos. FARTA ! só me pergunto como conseguem estas pessoas dormir à noite....como conseguem estas pessoas andar de cabeça levantada.....como conseguem estas pessoas lidar com a sua consciência....como é que ainda por cima se safam sempre ? FARTA! e desiludida e desanimada por ser boazinha e por não conseguir jogar da mesma forma suja como jogam comigo. Incapaz. incapaz mesmo de lidar com os desplantes de quem não tem vergonha na cara e não assume os seus actos. FARTA ! e eu é que não durmo, porque eu tenho conta para pagar e as quais tenho que honrar e independentemente de ter ou não dinheiro na hora tenho que arranjar maneira de os pagar, senão quem paga e mais sou eu. Os bancos não esperam, o estado está-se nas tintas, as pessoas por e simplesmente estão- se a lixar para os teus problemas . E não, não roubo. Faço sacrifícios e peço emprestado. Mas sou incapaz de mentir, aldrabar, enganar e roubar seja quem for. Sou incapaz de fazer seja a quem for , aquilo que não gosto( aliás) suporto que façam a mim. E sou eu que não durmo. Pior é não ter meios de ir atrás destas pessoas e exigir que paguem o que devem e façam aquilo que é o correcto. Sou eu que ainda tenho que gastar dinheiro para ver aquilo que é meu por direito, não é incrível? não admira que esteja FARTA! das pessoas. E sou eu que não durmo...E tu mulherzinha insignificante que pagavas uma renda miserável, que nos ficaste a dever 3 rendas, que te foste embora e levaste até as maçaneta das portas, tomadas e interruptores e ainda nos querias extorquir 5000 mil euros por uma tempestade que só existiu na tua cabeça, consegues dormir? E tu rapariga miserável que tentaste subverter o nosso compromisso e ainda me obrigaste a pagar por uma mudança imaginária de uma porta para a do lado, consegues dormir? E tu pessoa que me pregaste a partida de sair mais cedo e assumias que pagavas uma compensação ,por desonrar a palavra  que afinal nunca vi, consegues dormir? E tu aldrabão que pagas uma renda miserável de menos de 70 euros por uma casa com 7 assoalhadas que estás a ocupar mas sem sequer te dás ao luxo de lá viver e muito menos a manter e ainda te queixas dos míseros aumentos que por lei já começamos a ter direito, consegues dormir? E o senhor imbecil que por cometer uma infracção demasiado grave que quase me ia tirando a vida mas por ter posses conseguiu pagar à entidade seguradora e reguladora para sair impune e sacudindo a sua responsabilidade para cima de nós, pobres coitados , consegue dormir?  E tu rapaz que tens um corpinho muito bom para trabalhar vens-me agora com desculpas e ainda por cima deixas-me agarrada em tempo e a dever dinheiro, consegues dormir? E vocês senhores responsáveis pela simples condição de legalizar uma simples obra ilegal que foi feita no tempo do outro senhor, estão há um ano a empurrar pareceres ás cegas para todo o lado menos a nosso favor, conseguem dormir? E tu ser miserável que me / nos deves por dois trabalhos e dezenas de milhares de estudos e tempo perdido e no fim consegues fazer tudo a custo zero e ainda por cima falsificar assinaturas e desonrar o código deontológico, consegues dormir? Eu por causa de vocês, não consigo dormir...Porque as minhas contas dependem dos compromissos que fiz com cada um de vocês e basta um falhar que se começa a formar um problema, agora todos falharem é um pesadelo que se começa a tornar num dilema . Há uma ténue linha que separa a vida da loucura  e isso é assustador....Sim, sou eu que sempre assumi todos os compromissos, honrei a minha palavra, cumpri e fui honesta, que estou no limiar das minhas forças e ainda por cima não durmo....Está na hora de as coisas se equilibrarem e da justiça divina puxar pelos seus cordelinhos é que se cada um tem aquilo que merece não parece ! FARTA!

segunda-feira, 11 de março de 2013

melhores dias virão

Queria vir para aqui dizer coisas bonitas, que as coisas se estão a compor e que já estou melhor obrigada...mas isso não seria verdade, apesar de estar a tentar. Assistir à felicidade dos outros só me tem deprimido ainda mais e não me tem ajudado o facto de me sentir pouco amparada.O facto de ter estado uma semana inteira de cama não ajudou. o facto de o meu inquilino me ter passado uma rasteira e avisar a meio do mês que vai sair no final do presente mês não ajuda. O facto de ter que desencantar 3000 euros até ao final do mês não ajuda. O facto de a minha felicidade e futuro estarem tão dependentes de dinheiro não ajuda...A verdade é que estou a passar por um mau bocado e por mais que tente ser optimista e saber que melhores dias virão (espero mesmo),não consigo ver a luz no fundo do túnel. Mudar de ares talvez ajudasse, mas é o facto de não puder que está a dar cabo de  mim. Desculpem, prometo sair desta fossa assim que o consiga.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Fractura exposta#

A vida ri-se das probabilidades e põe palavras onde imaginamos silêncios e súbitos regressos quando pensávamos que não nos voltaríamos a encontrar.” José Saramago

Como, mas como é possível que esta frase me tenha vindo passar pela frente, logo hoje, logo agora. Estou que não posso de frustrada, deprimida, triste e até preocupada. Começo pelo fim, pois o que me preocupa é precisamente não ser onde fica o meu princípio e o meus meio. Ontem no parque infantil um pai dum miúdo que é colega da minha filha disse-me que andava há imenso tempo para me dizer que já me conhece de há muitos, muitos anos (pelas minhas contas mais de 20 anos) dos tempos em que fazia campos de férias. Porra ! Caramba! Merda ! Eu sabia...mas como, como é que eu não me lembrava, como é que não me lembro, porquê e como é que eu já me esqueci??? Sei e tenho a certeza que foram os melhores anos da minha vida, lembro-me com imensa saudade das aventuras, de tudo o que aprendi -e foi tanto naquela altura, das minhas paixões- e então se foram avassaladoras, da diversão, das emoções fortes, do desabrochar para a vida adulta, da timidez à explosão da personalidade, mas não me consigo situar no espaço e no tempo e tenho mesmo enormes brancas de situações que de modo algum tenham sido traumatizantes, mas antes pelo contrário...Então porque não me lembro, porque me esqueci? Já é suficientemente triste eu não me lembrar por exemplo do meu pai e da minha mãe juntos, da parte boa que é ser criança, da escola primária, do colégio, das brincadeiras e dos amigos, do liceu...Tenho apenas vagas memórias de bons momentos aqui e ali, de casa dos avós, de férias passadas com eles, de brincar com a minha vizinha de cima, de algumas professoras que me marcaram,de coisas que senti. Agora, das minhas dúvidas e angústias e atrofios e raivas e perguntas sem resposta e sentimentos confusos e paixões e primeiros beijos e amores e frustrações e traumas e apertos no coração e tristeza, disso lembro-me de tudo....Mas e as pessoas , os amigos, as viagens as coisas boas? onde estão guardadas ou escondidas? Como é possível que os meus 38 anos se resumam a tão pouco? Não consigo explicar a confusão que isto que faz, que ontem me fez ele lembrar-se tão bem de mim e eu não fazer ideia de quem era e sobretudo onde estava. Ele saber mais de mim que eu. Praticamos Aikido juntos, fizemos campos de férias juntos, fui animadora dele num intercâmbio em Itália e por mais esforço que faça não sai daqui nada...A minha vida , os meus 38 anos não se podem traduzir num vazio tão grande ! Caramba,alguém consegue imaginar o que isto me está a doer? Já não sei quem sou, pois nunca percebi quem fui. Alguém me poderá ajudar, por favor?
 



















































































































quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Á morte ninguém escapa, nem Rei nem Papa

Vinha aqui falar da minha paranóia que é (por fases) pensar demasiadas vezes na Morte , na minha morte. Não entendo esta perseguição e invasão aos meus pensamentos, mas quando dou por mim lá estou eu a sentir o fim. Vinha aqui dizer que já uma vez estive bem perto do meu fim, num grande acidente de viação na auto estrada há uns 10 anos , onde o carro foi para a sucata e escapei fisicamente , excepto ter fissurado o externo e lascado uns dentes. Garanto que não vi nenhuma luz muito menos  a vida a andar para trás em flashback, mas a sensação e a reacção do nosso corpo é sim inesquecível: num segundo parece que tudo lá dentro se encolhe e por outro segundo pára, para depois   sentirmos um valente murro no estômago.  Sem que tenha tido outro episódio tão traumático , já senti isto por diversas outras vezes. O facto de, desde que me conheço, ter a sensação que vou morrer num acidente também não deve ajudar.  O facto de agora ser mãe também não deve ajudar a esta minha paranóia. Vinha aqui falar da Morte, ontem, mas achei que não valia a pena. Só que hoje de manhã, vim um funeral a partir da igreja por onde passo diariamente e vi aquela família destroçada e logo a seguir vi um peão a ser reanimado no meio da Avenida. Vinha aqui perguntar-me o que leva aquela gente toda a olhar e a parar para assistir ao enorme esforço que aqueles médicos e enfermeiros faziam para salvar aquela pessoa. Que raio de morbidez é esta , a daquelas pessoas que não arredavam olhos da vítima e a minha que me vejo a desaparecer assim do nada, dum momento para o outro? ...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

esta doeu

Sou tão ingénua que dá raiva ! como é que me passou pela cabeça pensar que tinha criado algo absolutamente original ?! como...sou uma idiota ! Tive uma ideia, apaixonei-me por ela, criei-a, alimentei-a, cuido dela como se fosse parte de mim e nunca me dei ao trabalho de investigar se já existia alguma coisa do género por aí....sou uma tola ! A paixão pelo projecto cegou-me e agora que percebi que não sou nada original e que há muito mais gente a fazer aquilo que eu pensava ser uma ideia dos diabos, não sei se tenho coragem para continuar...sou uma cobarde ! que agora até tenho vergonha em abrir as dezenas de páginas que vendem o mesmo que eu...Sei que não estou a fazer nada de mal nem eticamente incorrecto, mas no fundo estou demasiado desiludida,  desapontada e triste por ter acreditado que poderia fazer alguma diferença. Consola-me saber que já fiz muitas pessoas felizes e que no fundo sou aquilo que sou: péssima a fazer negócio.

A questão dos direitos de autor é lixada, quando existem mil e um tutorials e DIY á mão de semear , quando milhões de pessoas têm acesso ás mesmas ferramentas que tu, quando visualizamos biliões de imagens por dia, quando há dezenas de interpretações possíveis pois cada cabeça sua sentença, quando aquilo que parece nem sempre é, quando isto e aquilo e afinal nada é novo- tudo é reinventado....Depois dá raiva (misturada com: caramba mas que grande vaca !) saber de pessoas que andam a vender peças a um balúrdio e a fazer montes de dinheiro, com "re-invenções" que afinal todos nós conseguimos fazer em casa !

No entanto e enquanto escrevo isto, recebo feedback muito positivo de lá de fora do tal lugar onde existem muitos mais iguais a mim. Veio no momento certo o chamado momento Obrigada universo #  Continuo inquieta, menos empolgada e mais conformada , ou como diz a velhota da aldeia perdida: é o que tem que ser ! (A publicidade essa é sempre bem vinda e isso sim, agradeço)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Lights will guide you

Não é suposto ser um post lamechas, mas eu próprio não consigo conter as emoções, a pele de galinha e as lágrimas ao ver esta coreografia (o bailarino e a música atingem-me no sítio certo). É suposto ser uma mensagem positiva, dedicada a alguém levou uma pequena rasteira da vida, mas que se levantou e é tudo isso que eu de momento quero transmitir: As luzes vão -te guiar, Rita e eu cá te espero. 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Rua de Damão, 2


Hoje passei pela casa dos meus avós, que já não é a casa dos meus avós. Hoje chorei ao lembrar-me de cada instante que passei nesta casa, desde que nasci até ao dia em que o meu avó partiu.  Hoje percebi o quanto esta casa e este quintal e este jardim me fazem falta . Hoje senti que esta é que foi a minha casa e onde eu mais amada me senti. Hoje fui ao jardim mas já não pude entrar....e no entanto foi para lá que os meus avós se mudaram, no dia em que a minha mãe fez 18 anos e por causa das confusões se esqueceram dela. Foi lá, que foi anunciado o noivado dos meus pais. Foi lá, que a minha avó me deu colo. Foi lá, que subi ás árvores com os meus primos. Foi lá, que colhi as melhores ameixas que já comi. Foi lá tantas e tantas histórias ouvi. Hoje fui à casa dos meus avós, mas não pude entrar pela sala com a televisão aos altos berros, passando pelo presépio que a minha avó fazia com tanto carinho e cuidado, espreitando pela chaminé da lareira se a mesa já tinha sido posto, correndo pelo corredor sentindo o cheiro a bacalhau e e a fritos, abraçando a minha avó atarefada na cozinha, guardando os presentes no quarto dos jogos, espreitando á procura dos presentes no roupeiro do quarto dos avós, esperando ansiosamente pela chegada do Pai Natal no quarto das palmeiras, ficando lá a dormir no quarto cor-de-rosa, na cama de ferro pintada a azul, por debaixo da manta de retalhos, rezando ao anjo da guarda que espero os tenha aconchegado bem, no dia em que tanto me fizeram falta. Hoje passei pela casa dos meus avós, estava tudo lá, menos Nós....e dói.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Loucos e santos

I choose my friends not by their skin or other archetype, but by the pupil.
They have to have questioning shine and unsettled tone.
I'm not interested in the good spirits or the ones with bad habits.
I'll stick with the ones that are made of me being crazy and blessed.
From them, I don't want an answer, I want to be reviewed.
I want them to bring me doubts and fears and to tolerate the worst of me.
But that only being crazy.
I want saints, so they dount doubt differences and ask for forgiveness for injustices.
I choose my friends for their clean face and their soul exposed.
I don't just want a man or a skirt, I also want his greatest happiness.
A friend that doesn't laugh together doesn't know how to cry together.
All my friends are like that, half foolish, half serious.
I don't want forseen laughter or cries full of pity.
I want serious friends, those that make reality their fountain of knowledge, but that fight to keep fantasy alive.
I don't want adult or boring friends.
I want half kids and half elderly.
Kids, so they don't forget the value of the wind blowing on their faces and elderly people so they're never in a hurry.
I have friends to know who I am.
Then seeing them as clowns and serious, crazy and saints, young and old, I will never forget that 'normalcy' is a steril and imbecil illusion.

Óscar Wilde

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

midlife crisis

Deve ser passageiro, aliás assim o espero , esta crise de meia-idade. Se bem que desde sempre tive pavor da morte, da minha morte, de morrer muito antes de fazer o pouco que podemos fazer durante a nossa vida. Porque sejamos sinceros as conversas da vida depois da morte, das vidas passadas, das transformações , da passagem para outro lugar, são muito bonitas e consoladoras para alguns, mas não para mim que só sei e tenho consciência que estou aqui e agora e é só este aqui e agora que me interessa. Enfim, detesto sofrer por antecipação mas é mais forte que eu, alguns pensamentos menos próprios que me assolam de quando em vez e me chegam mesmo a tirar o sono. Só nem quero imaginar quando chegar á menopausa ou mesmo à minha velhice.  Espero nessa altura estar mais tranquila e em paz comigo , com os outros e e com o que me rodeia...Por agora estou confusa. No outro dia, enquanto almoçava ouvi duas senhoras de meia-idade a comentar que com o avançar da idade e apesar de se continuarem a emocionar, têm mais dificuldade em chorar. Choram cada vez menos, disseram uma à outra e isso fazia-lhes confusão…. Também a mim me fez confusão pensar que com o passar do tempo as nossas lágrimas acabam por secar. As emoções são as primeiras a pregarem-nos partidas e o pior é que nem sempre as conseguimos controlar . Confuso, não está a ser? Pois é precisamente como está a minha cabeça. Queria falar dum filme que vi há já algum tempo- um filme maravilhoso, profundamente dramático, com uma história triste mas muito real, tocante no que diz respeito ao sentido das nossas vidas, sem sentimentalismos exacerbados ou lições de vida enaltecedoras mas duma verdade da qual ninguém está distante e com um título singular e certeiro que diz quase tudo: A minha vida sem mim. Não fui capaz de chorar, nem uma lágrima escorreu apesar de estar hipnoticamente comovida e isso deixou-me triste…Ontem curiosamente comecei a ver outro filme, que estava na gaveta há demasiado tempo e que ainda não tendo terminado de o ver, pensei  imediatamente que poderia ter sido escrito a pensar em mim e nos meus pensamentos mais obscuros. Ou será que vocês também pensam como as pessoas reagiriam à vossa morte?