terça-feira, 10 de março de 2015

crónica duma birra, de mãe !

Se por acaso cometer a " loucura " de ter um terceiro filho ( quer dizer filha! que aqui as hipóteses não são 50/50)! Acho que nunca a vou largar. Vou andar sempre com ela ao colo. Vai andar sempre agarrada à minha mama. Vai dormir comigo até deixarmos de caber todos na cama. Vou mesmo deixar de trabalhar. Estou a falar de cabeça quente e coração vazio. A minha bebé está em casa com a rapariga que vai cuidar dela enquanto eu vou tentar trabalhar e eu estou sozinha no jardim, onde sempre vim com ela, praticamente desde o dia em que nasceu. Até a rapariga do quiosque ficou com a lágrima no olho quando viu que hoje não havia a mãozinha para segurar no seu dedo. Até as senhoras que distribuem o almoço aos velhinhos aqui do bairro espantaram um ah oh. Até o senhor do talho se espantou. Até a peixeira estremeceu. Sinto também os olhares das vizinhas à procura da Júlia no meu colo, no meu sling. E ainda é de manhã e não fomos lanchar à Isabel, que tal como eu vai suspirar. Ali em casa está tudo a correr bem, eu sei. Foi amor à primeira vista e a sorte tão enorme de ter uma filha tão especial, que está tão bem com a vida e com todos, que me dói. Sinto me tão pequenina, por estar tão ligada e dependente dela...Devia estar a aproveitar dizem-me uns, é tão importante teres essa liberdade comentam outros. Mas eu não sinto isso, pelo menos agora e com esta miúda. Não é o que é suposto ser. Para mim não faz sentido que me digam que é a ordem natural das coisas e que só nos vai fazer bem. Nada disto me parece natural, pelo menos agora e com esta miúda. E depois está a acontecer me uma coisa estranhissima , talvez seja de novo a maldita crise da meia idade, ou as hormonas, ou a cabeça a pregar-me partidas, mas todo este tempo que tenho ficado com ela , tem me despertado as memórias tão felizes e aconchegantes doutros tempos. Da minha infância. De cada vez que saio com ela, sou teletransportada para os passeios matinais com a minha avó, que tem tanto de maravilhoso, como de angustiante. Talvez seja este o meu medo, o de voltar a perder este conforto, o colo, que tanta falta (me)faz e que me tem deixado tão feliz ... Para piorar o cenário, a mais velha , que está ainda por cima está na idade de começar a ter consciência da perda, morte, medos e angústias, sente tudo e está de novo a passar por uma fase que me deixa , ainda mais sem chão. Precisava de mais tempo, era só isso. Tempo de qualidade. e no entanto tenho que regressar ao trabalho. Agora quem faz birra sou eu !:P

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