E assim, num abrir e fechar de
olhos, já deste uma volta inteira ao sol, minha Júlia. Quero tanto conseguir
escrever e dizer-te que este foi um ano tão, mas tão bom, tão graças a ti,
minha luz…Mas por um lado não estou onde gostaria de estar- que era com tempo
para estar sempre contigo, enquanto és a minha bebé e depois porque temo que as
emoções, as saudades e sobretudo a intensidade do que aconteceu se atrapalhem e
atropelem nesta carta. Foi um momento inesquecível, aquele em que a tua luz nos
iluminou para sempre e será uma história que te irei contar, talvez demasiadas
vezes, mas não agora. Sussurrar-te-ei quando te deitar hoje à noite, mas aviso
já que há talvez uma parte que não vais gostar lá muito… É que não te achei
logo um bebé bonito e como eras tão diferente da tua irmã e de qualquer um de
nós a ligação não foi assim imediata, apesar de já te amar incondicionalmente
há 39 semanas e 6 dias. Mas tu, minha doce Júlia, nasceste da melhor maneira
possível e ajudaste-me tanto que nem imaginas. Deste-me tempo e espaço e nem
sabes tu como isso foi importante e como me mudou e mudou a minha forma de
estar para ainda mais melhor. Sim,
hoje sou muito melhor pessoa, mulher e mãe, graças a ti, minha minúscula (que
só és assim carinhosamente chamada por seres tão mignonne) . O Amor pela Laura, que tanto temi, ainda cresceu mais e
pelo vosso pai, só se confirmou que é mesmo a minha melhor metade e o Amor que sinto
por ele Infinito. Trouxeste-me muita serenidade e mesmo que inquietantes, ainda
mais sonhos e vontades. Deste-me a conhecer tantas pessoas novas e algumas
amigas para a vida, com as quais fomos crescendo, brincando, desabafando,
ajudando e que talvez não saibam os quão importantes são na minha vida. Ensinas-me
todos os dias, exatamente como a tua irmã o fez e faz a ser audaz, destemida,
corajosa, aventureira, curiosa e apaixonada pelas coisas mais simples. És tudo
isto e ainda tanto mais. Serena, observadora, independente, carinhosa, brincalhona,
cheia de ritmo, generoso, teimosa e muito mas muito senhora do seu (lindo)
nariz. E esperta e sábia, que só assim entendo como desde cedo percebeste que
há tempo e horas para tudo, mesmo sendo tão mínima e dependente de mim. Também
aprendi isso contigo, que não vale a pena antecipar e muito menos ter pressa.
Tudo acontece quando tem que acontecer. Talvez gostasse que fosses mais meiga e
que me desses mais colinho, mas com tanta coisa por descobrir, não há tempo a
perder, verdade? Tornaste tudo tão mais fácil e simples que até me senti mal, por
ter complicado tanto com a tua irmã e sobretudo comigo e a minha visão complicada
das coisas. Vivi tudo com muita intensidade, mas com demasiadas inseguranças e um
medo de falhar as expectativas que tinha colocado tão elevadas, avassalador. Amei
por demais ter tido uma filha única durante quase 5 anos, mas a tua chegada fez
esse Amor crescer ainda mais. Foi precisamente isso que senti quando chegámos a
casa: que ia rebentar de tanto Amor ( ok , as hormonas também ajudaram a criar
esta sensação) . Por incrível que pareça filmei-te muito mais vezes (já a tua
irmã tem talvez muito mais fotos que tu), mas queria ter conseguido guardar num
livro tudo aquilo que cresceste durante este tempo. O que interessa é que nos rir
e muito com as tuas gracinhas, quando chamas o gato, quando bates palminhas,
quando fazes aquela careta de marota, quando começas a dançar ao som de
qualquer coisa, quando empurras o skate e deslisas por casa, quando usas os
teus brinquedos para escalar até mais alto, quando vês a tua irmã chegar e até susténs
o ar, quando acordas a palrar, quando já te pões em pé sozinha, quando vês
fruta e o lanche da mãe, quando dizes olá a toda a gente em modo papagaio,
quando percebes que estamos a chegar à escola da mana que será a tua, quando
abres os braços para ires para o colo daqueles que te são queridos (que é praticamente toda a gente), quando brincas com
água, quando escalas o escorrega, quando abres os braços e as mãos para cima a dizer: não há!, quando espalhas todos os livros de costura da mãe, quando dás abraços aos teus amiguinhos. Tens uma luz especial e uma
energia invejável e talvez seja por isso que por onde passes, não passas
despercebida e espero que isso te traga muito boa vida. E tudo isto aconteceu
no tal pestanejar, enquanto davas a tua primeira volta ao sol e nós girámos em
torno de ti. Este teu primeiro ano voou e isso tem tão de maravilhoso quanto de
assustador. Espero que os próximos sejam igualmente intensos e que tu nos continues
a mostrar o melhor de nós, como eu costumo dizer, quando dizem que tu és muito
parecida comigo eu respondo que não, és a versão melhorada. Obrigada, por me
fazeres ainda mais feliz , eu o teu pai e a tua irmã vamos continuar a fazer-te
precisamente o mesmo. Apresento a Juleca todos os dias 15 desde 2014 <3
A mais bonita carta de amor... Parabéns mãe Madalena e pequena Júlia :) beijinho
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